A pandemia de COVID-19 provocou uma crise sem precedentes dos sistemas sociais, políticos e económicos em toda a Europa e no mundo. Desde março de 2020, os países, regiões e municípios europeus tomaram diversas medidas para tentar conter a propagação do vírus. Estas medidas, embora destinadas a aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde, tiveram impactos de longo alcance em muitos setores da atividade económica em todo o continente. A COVID-19 e as medidas sanitárias tomadas para conter a sua propagação têm vários impactos perturbadores na vida das pessoas e no funcionamento das cidades, das áreas metropolitanas e das regiões. As medidas de contenção resultaram em mudanças abruptas na forma como as pessoas trabalham, estudam, fazem compras, socializam e se movimentam. Os resultados destas medidas têm sido prejudiciais de muitas formas, resultando, nomeadamente, na perda de emprego ou na necessidade de fazer face às despesas com um rendimento reduzido, no isolamento social e/ou na necessidade de conciliar o trabalho com o ensino dos filhos em casa. No entanto, poderão também registar-se alguns ganhos na sequência da pandemia. As primeiras análises preliminares mostram que a transição digital pode ser acelerada, uma vez que o reforço da prestação de serviços digitais pode resultar em inovação a longo prazo[1]. Os padrões de mobilidade também mudaram desde os períodos de confinamento. Já antes da pandemia, os decisores políticos locais e regionais tinham dado grande prioridade à utilização da bicicleta devido aos seus benefícios ambientais. A pandemia também impulsionou este desenvolvimento, enquanto o número de passageiros nos transportes públicos caiu 70-90% em algumas grandes cidades[2], o que também constitui um enorme desafio para as políticas de transportes sustentáveis. Um número crescente de cidades europeias começou a fornecer aos seus cidadãos infraestruturas cicláveis temporárias (ciclovias pop-up), proporcionando adaptações a curto prazo às suas políticas de mobilidade. Resta saber, no entanto, se estas medidas improvisadas podem ser transformadas em soluções permanentes e como e se podem contribuir para a transição ecológica das regiões e dos municípios europeus. Os decisores políticos a todos os níveis de governação necessitam de dados territoriais para poderem desenvolver medidas políticas para fazer face aos efeitos imediatos da pandemia a curto prazo e gerir os seus impactos a longo prazo. Esta atividade de investigação aplicada visa contribuir para a obtenção desses dados territoriais, analisando os padrões geográficos da pandemia de COVID-19 desde o seu início até 2021, na medida do possível. Ao fazê-lo, centrar-se-á nas consequências sociais diretas e indiretas das medidas de confinamento, incluindo as suas dimensões territoriais, um aspeto que, até à data, não foi abordado pela investigação pan-europeia a nível regional e local.